Mídia "requenta" notícia para atacar MST, diz Pastoral da Terra
Coordenador da CPT defende que financiamento do agronegócio deveria receber mais atenção da imprensa
Por: Anselmo Massad
Publicado em 08/10/2009
Bandeira na fazenda Toca da Raposa, em Planaltina (DF). Para CPT, atualização de índice de produtividade e PEC 438 é que mereciam investigações (Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil)
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) publicou, nesta quinta-feira (8) comunicado acusando a mídia e setores ruralistas de promoverem uma nova investida contra o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST). A entidade manifesta "estranheza" a notícia da ocupação de 28 de setembro à Fazenda Santo Henrique ter se tornado manchete apenas nesta semana (clique aqui para ler a íntegra).
"É uma tentativa de criminalizar o MST e, a partir de imagens colocadas na mídia, a bancada ruralista tenta abrir novamente a CPMI para investigar o movimento", critica Edmundo Rodrigues, de Aragoína (TO), integrante da coordenação da CPT. "No dia da ação, a notícia foi divulgada sem tanta repercussão, mas depois que 45 deputados retiraram suas assinaturas do pedido de CPMI, a pressão foi retomada", sustenta, à Rede Brasil Atual.
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Segundo a CPT, a Fazenda Santo Henrique e outras, como a Capim, fazem parte do Núcleo Monções, área de 30 mil hectares que pertencem à União. A organização sustenta que a Sucocítrico Cutrale grilou terras para forjar a documentação que atesta sua propriedade. "A imprensa não discute a grilagem feita pela empresa, como não colocam discussão sobre a atualização dos índices de produtividade, a PEC 438", enumera.
A Proposta de Emenda Constitucional 438 propõe o confisco de terras onde for flagrado o trabalho escravo. Já a mudança dos índices de produtividade foi definida pelo Executivo, atendendo a reivindicação do MST e de outros grupos favoráveis à reforma agrária. Para a CPT, a resistência dos ruralistas é contraditória com o aumento da produtividade no campo.
Para Rodrigues, a pressão não tem relação direta com a eleição de 2010, mas com a ofensiva ruralista. "O agronegócio recebe muito investimento e isso não é investigado. Quando o agronegócio vai bem, não querem que nada mude, mas quando vai mal, vão pressionar o governo por recursos públicos", lembra. "Isso não é colocado para sociedade perceber a situação atual do campo."
A nota da CPT critica ainda a falta de atenção dada pela imprensa à denúncia contra a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO). A entidade acusa a parlamentar de ter apresentado, na declaração de bens para a eleição de 2006, uma propriedade em Campos Lindos com o valor de R$ 8.
No Congresso
Depois da primeira tentativa fracassada de abrir uma CPMI para investigar convênios com o poder público e ONGs internacionais de cooperativas e associações ligadas ao MST, a bancada ruralista anunciou um novo esforço para colher assinaturas, desta vez de modo seletivo.
“Estamos fazendo uma triagem direcionada. Queremos que o deputado tenha certeza da pressão que haverá para retirar assinaturas”, disse o líder do Democratas na Câmara, Ronaldo Caiado (DEM-GO).
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