tradutor

quinta-feira, 2 de julho de 2009

21/05/2009
Falta conhecimento sobre quem são e o que fazem os auxiliares de juventude


Facilitar um canal de comunicação entre juventude e poder público local, garantir o acesso de jovens às informações sobre programas e projetos da Prefeitura, acolher as demandas de grupos e articulações juvenis, produzir informações que subsidiem a tomada de decisão de encaminhamento de ações mais prementes para as diferentes regiões da cidade. Não foram poucas e tampouco simples, as expectativas criadas para aqueles que ocupariam o cargo de auxiliar de juventude nas 31 Subprefeituras de São Paulo. O cargo foi criado em 2004, pela Lei 13.735, de autoria da então vereadora Tita Dias (PT) e sancionado pelo Decreto 45.889 de 2005, pelo então prefeito José Serra.

Contudo, quem quiser localizar esses auxiliares de juventude, descobrir quem são e o que fazem pode se ver diante de uma missão impossível. Uma lista com o nome deles está disponível no site da Coordenadoria Especial da Juventude, em que faltam informações sobre auxiliares de juventude das subprefeituras de Aricanduva, Butantã, Freguesia do Ó e Pinheiros. A lista também tem telefones desatualizados, sendo necessário que se recorra à telefonista para encontrar números e prefixos novos. Mas nem de longe este é o grande problema!

Entre os dias 01 e 16 de abril, foram realizadas consultas telefônicas diretamente nas subprefeituras em busca destes servidores municipais e, salvo exceções, encontrá-los se tornou uma busca do tipo “onde está Wally?”.

Em Itaquera, Mooca, Vila Prudente e Guaianases, por exemplo, os auxiliares de juventude listados no site da coordenadoria sequer eram conhecidos pelos demais funcionários das subprefeituras. Nesses casos, foi comum ouvir das telefonistas interjeições do tipo: “quem?”, “auxiliar de juventude?”, “você ligou na assistência social?”. Depois de uma peregrinação, nos dois primeiros casos o setor de recursos humanos informou que estes já não faziam parte do quadro de profissionais.

Em Vila Prudente, embora ainda fosse remunerado como auxiliar de juventude, Vander de Souza desempenhava outras funções no órgão administrativo. Em Guaianases, Marcelo Coelho Amorim estava na função até antes do período eleitoral, mas passada eleições tinha dúvidas se permaneceria como auxiliar.

Sem planos de ação: auxiliares de juventude viram ‘tarefeiros’ na Zona Leste

Se em algumas subprefeituras localizar os auxiliares de juventude é um desafio para o munícipe, em outras a ausência de clareza das funções e a falta de interlocução com a Coordenadoria de Juventude são os principais dificultadores para aqueles que se reconhecem como auxiliares, mas revelam os limites de intervenções sem planejamento e apoio.

Em São Miguel, por exemplo, Wilson Alves da Silva, 40 anos, é responsável, entre outras atividades, por acompanhar assuntos e iniciativas que dizem respeito à juventude da região. Atualmente, seu trabalho consiste em divulgar aquilo que acontece em programas e projetos e atender demandas de jovens que entram em contato com a Coordenadoria pedindo equipamento para algum evento.

Há um ano desempenhando essa função, ele avalia que faz muito pouco para atender a realidade de jovens, que identifica como pobres e carentes de iniciativas mais consistentes. "Mas as atividades voltadas para jovens na região dependem muito de recursos e das propostas da própria Coordenadoria da Juventude, que não têm uma política e nem orçamento para realizá-las”, pondera.

Outra debilidade apontada por ele é falta de experiência para desempenhar a função. “Em minha opinião, seria legal uma pessoa específica que entendesse de cultura, de trabalho, de sexualidade e da relação do jovem com a violência. Seria importante uma pessoa com uma inserção maior e que não pensasse que apenas show resolve os problemas da juventude", afirma Wilson.

No mesmo sentido, Juraci Certório da Silva, 40 anos, há oito meses como auxiliar de juventude da subprefeitura de Itaim Paulista, avalia que as dificuldades para exercer uma função criada para contribuir com o desenvolvimento e promoção de direitos de moças e rapazes se conectam, por um lado, às poucas iniciativas governamentais destinadas para a população juvenil da periferia e, por outro, pela falta de comunicação entre subprefeitura e Coordenadoria de Juventude.

O auxiliar queixa-se que, desde que está no cargo, não lhe foi apresentado um plano de ação da Prefeitura para a região. “Eles podiam oferecer um curso, uma formação para que a gente tivesse mais clareza e pudesse estar mais instruído para ocupar o cargo”, comenta. “O que se oferece para a gente é zero”. Além disso, comenta que sem políticas públicas, sem um plano, um auxiliar de juventude não consegue “tirar coelho de cartola”.

Morador da região e presidente de uma associação comunitária, Juraci conta que é indagado sobre as iniciativas governamentais por jovens da região, em que escolas técnicas e equipamentos culturais são demandas prioritárias: “mas a gente vê que o que faz a diferença, são as igrejas. Caso, contrário, você não vê nada do poder público para ajudar a juventude da periferia”, conclui.

Na zona sul não é diferente

Os auxiliares de juventude Marcelo Louverde Magella da Silva, 37, da subprefeitura de Campo Limpo, Manuela Ramos de Paula, 23, de Cidade Ademar, e Flavia Pereira Barbosa, 19, de M`Boi Mirim, assumiram o cargo, mas atuam em outros departamentos das subprefeituras em que estão vinculados: assistente social, secretaria de gabinete e técnico do Departamento de Obras, respectivamente. Em Vila Mariana a existência do cargo e o responsável por essa função são desconhecidos da equipe.

Apenas em Capela do Socorro e Santo Amaro, Vagner Riciati, 24, e Leandro Nunes Gama, 25, confirmaram seus postos de auxiliar de juventude e souberam descrever um conjunto de atividades que seriam pertinentes para melhorar a vida de moças e rapazes moradores das regiões em que trabalham. Contudo, a condição da atuação de ambos não é muito diferente da dos seus colegas da Zona Leste.

Para Vagner, no cargo há mais de três anos, a juventude da região está um pouco esquecida. “Não sei se por falta de interesse deles, porque a subprefeitura oferece serviços relacionados à cultura, esporte e lazer”. Já Leandro Nunes, que trabalha como auxiliar desde 2005, a juventude da região “precisa de muita assistência” e aponta que “um dos problemas é a gravidez na adolescência e a falta de espaço para se distrair”. Para ele, a Casa de Cultura é o local que mais poderia desenvolver trabalhos com crianças, adolescentes e jovens.

Atualmente, Vagner apóia projetos da subprefeitura relacionados à cultura, como a implantação de um Complexo Cultural na região e atividades realizadas pelo Programa São Paulo em Paz, iniciativa realizado desde 2006, por meio de um convênio firmado entre Secretaria de Participação e Parceria e o Instituto Sou da Paz. Sobre a Coordenadoria de Juventude, ambos declaram relações pontuais com o órgão para a promoção de eventos.

Recomende esta página
Envie o seu comentário
Imprima esta página
Loja Virtual
Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social à luz do novo marco urbanístico: subsídios para implementação nos Estados e Municípios

Catálogo completo
Políticas públicas para o Centro: Controle social do financiamento do BID à Prefeitura Municipal de São Paulo

Catálogo completo
Coleta seletiva com inclusão dos catadores - Fórum Lixo e Cidadania da Cidade de São Paulo Experiência e desafios

Catálogo completo


© Instituto Pólis - Os conteúdos deste sítio podem ser reproduzidos livremente desde que se faça a citação da fonte
e que o Instituto Pólis seja comunicado pelo endereço comun

Nenhum comentário:

Postar um comentário